Cateteres com proteção anti-microbiana: uma análise


O combate à infecção no meio hospitalar é de extrema urgência. Nunca antes no Brasil, a consciência desta realidade movimentou tantos profissionais. Centros de Controle de Infecção Hospitalar se tornaram parte essencial de qualquer administração, e são eles que buscam as mais diversas soluções para garantir um hospital com baixa incidência de sepse. Uma das mais perigosas infecções é aquela por meio do cateter. O cateter, como instrumento invasivo, pode servir de “porta de entrada” ou até mesmo “lar” para diversos micro-organismos como fungus e bactérias, estes, que quando encontram um paciente já debilitado, podem se multiplicar e causar infecção, usando o cateter como via.

Dentro das inovações no mundo dos cateteres, algumas empresas tem desenvolvido cateteres impregnados com substâncias que destroem ou impossibilitam a proliferação de micro-organismos. No entanto, é preciso atentar e conhecer a solução apresentada.

A clorexidina é amplamente utilizada em diversos cenários preparatórios devidos às suas propriedades antimicrobianas. No entanto, é uma substância alergênica em potencial, cujas reações adversas têm sido descritas na literatura há 30 anos.

Chlorhexidine molecule, antibacterial antiseptic compound, 2d vector illustration, eps 8

No estudo de caso realizado por A. Nakonechna, P. Dore, T. Dixon, S. Khan, S. Deacock, S. Holding e M. Abuzakouk são descritos seis pacientes que tiveram reações anafiláticas atribuídas à clorexidina durante a cirurgia. Estes pacientes foram expostos à substância por meio de gel, swabs e cateteres (os casos e seus detalhamentos se encontram no artigo entitulado “Immediate hypersensitivy to chlorhexidine is increasingly recognized in the United Kingdom”).

Os resultados sugerem com boa margem que a hipersensibilidade à clorexidina é comum, embora muitas vezes não reportada, o que induz ao fato de que os resultados sejam muito maiores, caso os pacientes fossem testados (teste de pele) para sensibilidade à clorexidina antes de serem submetidos a procedimentos.

Os sintomas observados imediatamente quando da introdução de um cateter impregnado com clorexidina e sulfadiazina de prata, foram: convulsões, perda de consciência, desmaios, dificuldade em respirar, edema periorbital, edema facial (inchaço unilateral), paralisia de membros, queda súbita da pressão sanguínea (de 140/80 para 60/30 mmHg), aumento repentino dos batimentos cardíacos e óbito.

Evidencia-se, desta maneira, a necessidade de maior controle na escolha e introdução de cateteres ditos impregnados, de forma a evitar o tratamento sistêmico de doença não existente (a liberação gradual de clorexidina e/ou outras substâncias como sulfadiazina de prata e antibióticos) e a procura por produtos e soluções modernas, como o PHMB (polihexametileno biguanida), já conhecido no meio médico como alternativa eficaz e mais segura no controle de infecções por uso de cateter.

PHMB

Os estudos citados não foram contratados por nenhuma empresa e não apresentam risco de interesse.

Fontes:

Immediate hypersensivity to chlorhexidine is increasingly recognized in the United Kingdom (A.Nakonechna, P. Dore, T. Dixon, S. Khan, S. Deacock, S. Holding, M.Abuzakouk)

Case Report: Life-threatening anaphylactic shock due to chlorhexidine on the central venous catheter: a case series (Meilin Weng, Minmin Zhu, Wankun Chen, Changhong Miao)

Four cases of anaphylaxis to chlorexidine impregnated central venous catheters: a case cluster of the tip of the iceberg? (R. Jee, L. Nel, G. Gnanakumaran, A. Williams, E. Eren, Southampton, UK)

Chlorhexidine Hypersensitivity: A Critical and Updated Review (Calogiuri GF1 , Di Leo E2-4, Trautmann A5 , Nettis E6 *, Ferrannini A6 and Vacca A3,6)

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